"A subordinação do conjunto das práticas a uma
mesma intenção objetiva, espécie de orquestração sem maestro, só se realiza
mediante a concordância que se instaura, como por fora e para além dos agentes,
entre o que estes são o e o que fazem, entre a sua ‘vocação’ subjectiva (aquilo
para que sentem ‘feitos’) e a sua ‘missão’ objetiva (aquilo que deles se
espera), entre o que a história fez deles e o que ela lhes pede para fazer, concordância essa que pode exprimir-se no
sentimento de estar bem ‘no seu lugar’, de fazer o que se tem que fazer, e
de o fazer com gosto – no sentido objectivo e subjectivo – ou na convicção resignada de não poder fazer outra coisa, o que
também é uma maneira, menos feliz certamente, de se sentir destinado para o que
se faz."
P. Bourdieu